Sentem-se que a mesa já está posta
Já Aristóteles o dizia, e aqui se volta a afirmar, que é irrelevante examinar todas as opiniões.
Crianças, doentes e loucos têm-nas, no entanto ninguém no seu perfeito juízo as discutiria com eles.
... na loja da opinão pública, a funcionária pergunta:
Não é de argumentos que precisam, mas sim uns de idade para crescer, outros de correção médica ou política. Que o digam os políticos do nosso Para-lamento.
O vulgo tem sempre algo a dizer sobre qualquer assunto. Mas o problema não é ter opinião, mas pô-la à prova.
- Desejo ter muitas opiniões, mas não me peça para pensar, pois isso cansa. Desejo saber um pouco de tudo, mas não quero ter mais pre-ocupações.
Do bom selvagem de Rousseau ao pessimismo de Hobbes o problema da convenção mantém-se em cima da mesa pública onde os homens se deveriam encontrar. Não como conteúdo, como uma lei (nomos) ou convenção (thesis) em particular, mas como valor. Qual o seu valor para cidade, para o homem?
Em tempos de indigência, de horror à dúvida, onde investigar é apenas repetir a mesma pergunta; e responder é engalanar o discurso com verbos e nomes elegantemente associados, enfim, locuções rebuscadas: vale tudo, por que já nada vale.
Apenas uma ressalva: desde que esse nada não seja muito cansativo, nem traga muitas pre-ocupações.
Vociferando palavras de des-ordem, a turba se agita, como as ondas do mar em tempo de tempestade. No meio da multidão alguém com os pés assentes na terra diz: Para! O homem possesso, no meio da praça, engata a bala e dispara. “Diz pensa” qualquer moral ou extrapolação. Dois pontos, exclamação e uma vitima. O pobre homem ficou ali estendido no meio praça a esvair-se em sangue.
Sirvamos seu sangue aos homens, façamos como os Espartanos uma refeição pública, syssitia, para promover o sentido de pertença.
- Sentem-se que a mesa já está posta.
Assim habito
Horácio
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