Por isso, precisamente, porque de nada serve.
Um pedante, que viu Sólon a chorar a morte de um filho, disse-lhe: "Para que é que choras assim, se isso nada te serve?" E o velho sábio respondeu-lhe: "Por isso, precisamente, porque de nada serve".(...)
Estou convencido de que resolviríamos muitas coisas se, saindo todos para a rua, e pondo a manifesto as nossas mágoas, talvez elas resultassem numa só dor comum, pondo-nos então todos a chorá-la em conjunto e a dar gritos ao céu e a clamar por Deus. Mesmo que não nos visse, ouvir-nos-ia.(...)
Um Miserere, cantado em comum por uma multidão, maltratada pelo destino, vale tanto como uma filosofia. Não basta curar a peste, há que a saber chorar. Sim, tem que se saber chorar! E, talvez seja esta a sabedoria suprema. Para quê? Perguntai a Sólon.
Estou convencido de que resolviríamos muitas coisas se, saindo todos para a rua, e pondo a manifesto as nossas mágoas, talvez elas resultassem numa só dor comum, pondo-nos então todos a chorá-la em conjunto e a dar gritos ao céu e a clamar por Deus. Mesmo que não nos visse, ouvir-nos-ia.(...)
Um Miserere, cantado em comum por uma multidão, maltratada pelo destino, vale tanto como uma filosofia. Não basta curar a peste, há que a saber chorar. Sim, tem que se saber chorar! E, talvez seja esta a sabedoria suprema. Para quê? Perguntai a Sólon.
Miguel de Unamuno, Do Sentimento Trágico da Vida
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