Na dança do poder VI - sobre a batuta de jornalistas medíocres
- Nietzsche dizia que a mudança de gosto geral é mais importante que a das opiniões. As opiniões com todas as provas, refutações e toda a mascara intelectual não passam de sintomas do gosto que muda e não são, com certeza, ao contrário do que tantas vezes se imagina, causas dessas mudanças.
- Parece-me evidente, nos dias de hoje, a ditadura da opinião pública fabricada pelos mass media. Levantam suspeitas, fabricam intrigas. Sem qualquer ética, ofendem; sem o mínimo de pudor sarcasticamente riem-se dos convidados. Medíocres jornalistas mandatários de senhores obscuros deturpam, inventam, manipulam. Eles decidem previamente aquilo que deve ser ouvido do que deve ser desprezado como indigno de ser audível. Hoje já não há peneiras. A ética sob os escombros da sísmica mediocridade que se alastra, clama para ser salva.
- “Eles são uns peneirentos, têm mania da superioridade!”, assim fala a mediocridade domesticada.
Um homem foi ao encontro de Sócrates levando ao filósofo uma informação que julgava de seu interesse:
— Quero contar-te uma coisa a respeito de um amigo teu!
— Espera — disse o sábio. Antes de contar-me, quero saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras.
— Três peneiras? Que queres dizer?
— Devemos sempre usar as três peneiras. Se não as conheces, presta bem atenção. A primeira é a peneira da VERDADE. Tens certeza de que isso que queres dizer-me é verdade?
— Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exactamente se é verdade.
— A segunda peneira é a da BONDADE. Com certeza, deves ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não?
Envergonhado, o homem respondeu:
— Devo confessar que não.
— A terceira peneira é a da UTILIDADE. Pensaste bem se é útil o que vieste falar a respeito do meu amigo?
— Útil? Na verdade, não.
— Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem útil, então é melhor que o guardes apenas para ti.
— Quero contar-te uma coisa a respeito de um amigo teu!
— Espera — disse o sábio. Antes de contar-me, quero saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras.
— Três peneiras? Que queres dizer?
— Devemos sempre usar as três peneiras. Se não as conheces, presta bem atenção. A primeira é a peneira da VERDADE. Tens certeza de que isso que queres dizer-me é verdade?
— Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exactamente se é verdade.
— A segunda peneira é a da BONDADE. Com certeza, deves ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não?
Envergonhado, o homem respondeu:
— Devo confessar que não.
— A terceira peneira é a da UTILIDADE. Pensaste bem se é útil o que vieste falar a respeito do meu amigo?
— Útil? Na verdade, não.
— Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem útil, então é melhor que o guardes apenas para ti.
- Não penso que a maldade humana e a baixeza, o que de mais perverso habita em nós, devessem porventura serem mascaradas. Acho mesmo, mais honesto o chamar de “filho da p” do que ataviarmos a mesma expressão com argumentos capciosos que lembram uma pseudologia das mais baratas. Um dos gurus de opinião, do gosto geral, sob o simulacro de uma pseudociência coxa (artificio seu, usual) pretendei com um requinte assustador e ardiloso, num dos seus artigos, admoestarmos dos malefícios de um dos candidatos à presidência. Sempre defendi que os gosto se discutem e nunca gostei da estética da unanimidade, tampouco de acordos frouxos e de aparência. Mas haja alguma higiene no pensamento, na discussão, nas sacudiduras, porque a ofensa gratuita só pode mesmo regojizar quem a escreve. Ah, que ufania deve ter tido este triste homem, ao escrever estas coisas!
2 Comments:
Pois é, Horácio... E gostei de ler este post. E aproveito para desejar um bom Natal.
Um abraço.
M
Um bom Natal também para si, M. Gostei muito do "Natal no dicionário"! :-)
um abraço M, estendido também para o S
Horácio
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