quarta-feira, dezembro 14, 2005

Um tímido regresso com Toninho


Toninho Horta está entre os três brasileiros que integram antologia americana "Progressions – 100 Years of Jazz" ao lado de 74 instrumentistas do jazz. Laurindo Almeida e João Gilberto também representam o Brasil.

06/12/2005 - Ailton Magioli , Estado de Minas, 29/11/2005

Como um dos três brasileiros – os outros dois são Laurindo Almeida, morto em 1995, e João Gilberto – selecionados para integrar a antologia "Progressões – 100 anos da Guitarra do Jazz" (Progressions – 100 Years of Jazz), da Columbia/Legacy, recém-lançada nos Estados Unidos, com a relação dos guitarristas mais influentes do mundo do jazz, Toninho Horta, de 56 anos, não oculta o orgulho da distinção.

"Mesmo que não haja algo que possa ser tocado fisicamente, é um prêmio, o reconhecimento do trabalho que chegou ao ponto de ser considerado do nível de outros 74 guitarristas que estão no projeto. Claro que nenhum se compara a outro, cada um tem estilo diferente e é exatamente pela personalidade diferenciada que se fez a seleção", afirma o guitarrista mineiro, recém-nominado ao Grammy Latino pelo cd "Com o Pé no Forró", da Minas Records.

Com a mala já sendo preparada para a viagem a Bangcoc, na Tailândia, onde vai se apresentar no mês que vem, acompanhado de Robertinho Silva (bateria/percussão) e Bororó (baixo), em evento dedicado à memória das vítimas da tsunami do ano passado, Toninho Horta anuncia para o ano que vem o esperado lançamento do Livrão da Música Brasileira, em que vai reunir cerca de 600 composições com letras, cifras e verbetes, quando também pretende reeditar o Seminário Brasileiro da Música Instrumental, realizado pela primeira vez em 1986, agora dentro da programação do Festival de Inverno de Ouro Preto.

Segundo o guitarrista, desde as primeiras gravações na América, ainda na década de 70, sua música começou a atrair o meio jazzístico, via Milton Nascimento, Airto Moreira e Flora Purim. Norman Connors, George Duke, Michael Franks e Manhattan Transfer estão entre os artistas com os quais Toninho tocou ou teve sua música gravada nos Estados Unidos.

"Todo o pessoal com o qual convivi, de 1988 a 1998, quando morei em Nova York, foi imprescindível para manter meu nome na roda porque, mesmo que nunca tenha entrado na Downbeat, com os melhores do ano, e que tenha gravado somente três discos pela Verve/Polygram. Consegui me manter no meio", diz, orgulhoso Toninho Horta, cuja mais recente incursão no setor está sendo a produção de um disco do também guitarrista George Benson, cujas gravações, iniciadas este ano, no Brasil, deverão ser concluídas no ano que vem, nos Estados Unidos. "Optei por continuar fazendo a música que eu sempre acreditei e não entrar na onda da Polygram, que queria que eu fizesse um trabalho para os audiófilos de jazz".

Para o guitarrista, o mais surpreendente em "Progressões – 100 anos da Guitarra do Jazz" está no livreto, do qual consta a biografia de cada um dos artistas selecionados. "O primeiro nome citado na minha biografia é o de Pat Metheny. Achei estranho e fui ler o texto que diz que o Pat teve uma grande influência na minha carreira – ele escreveu a contracapa de "Diamondland", de 1988, que teve uma grande repercussão nos Estados Unidos, onde esteve entre os 12 mais tocados do jazz contemporâneo, da Bilboard, e, a seguir, em Moonstone, gravou comigo Pedra da lua, em dueto – mas, por outro lado, o texto reconhece também que eu exerci uma profunda influência na maneira de tocar e de compor de Pat Metheny. Quer dizer, foi a produção, formada por Steve Berkowitz, Michael Brooks, Bob Irwin, Seth Rothstein, Richard Seidel e o também guitarrista John Scofield, que reconheceu isto".

Como há controvérsias nesta história, Toninho diz que quando as pessoas perguntam quem influenciou quem, gosta de lembrar apenas que ele é mais velho do que Pat Metheny. "Mas na verdade eu ouvi muito o Pat, assimilei muita coisa dele, de tocar as melodias com clareza. Só não perdi a espontaneidade. Nunca deixei que a técnica e o estudo do instrumento se sobrepusessem à minha criatividade musical. Tanto que acho que foi isto que solidificou o meu trabalho de guitarrista", reconhece.


continua Clube de Jazz

Tirando as controvérsias..., recordo na fonte:

Sempre gostei de Toninho Horta. E não me perguntes porquê. Não sei. Gosto da sua humanidade. Não sei se me entendes. Gosto do calor da sua voz. Gosto da textura e da harmonia dos seus acordes. Da sua simplicidade e beleza. Dá-me para ouvir em silêncio, para não acrescentar o pensamento. Para escutar e sorrir, apenas. Hoje...vou caminhando ao som de Durango Kid. Para mais tarde voltar...quem sabe.

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