terça-feira, janeiro 30, 2007

Sentem-se!?


fotografia de Karen Hollingsworth

segunda-feira, janeiro 29, 2007

toda a beleza é imperfeita, se ninguém existe para a celebrar

Segundo Píndaro, Zeus, após ter organizado o mundo inteiro, perguntou aos deuses que estavam espantados perante tal fulgor, se ainda faltava alguma coisa à sua bem-aventurança. Ao que os deuses responderam que não criara ninguém que se apresentasse e enaltecesse de um modo adequado a obra de Zeus. E assim nasceram os poetas.

...

Quão temerária seria a coragem humana se a dor fosse uma lembrança esquecida.

A estranha cacografia

O Blog foi assaltadado por uma estranha epidemia. A razão permaneçe desconhecida, estão a ser feitos estudos para determinação do diagnóstico. Os efeitos são patentes. O prognóstico é reservado, pois não faço a mínima ideia do que se passa.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

tem pão velho?

Pensei escrever qualquer coisa acerca de Emmanuel Marinho compositor de poemas, actor, cancioneiro de palavras coloridas, sonoras e doces, mas não gaSTAS. Mas não, resolvi apenas transcrever de um jacto a letra do seu poema musicado Genocíndio, penso que o neologismo fala por si. Como ele diz: a poesia tem de ler o mundo, tem de perturbar a ordem publica e protestar nas praças pela paz. A voz é do saudoso Itamar Assumpção, oiça aqui.



GENOCÍNDIO

tem pão velho?

não, criança
tem o pão que o diabo amassou
tem sangue de índios nas ruas
e quando é noite
a lua geme aflita
por seus filhos mortos.


tem pão velho?

não, criança
temos comida farta em nossas mesas
abençoada de toalhas de linho, talheres
temos mulheres servis, geladeiras
automóveis, fogão
mas não temos pão.

tem pão velho?

não, criança
temos asfalto, água encanada
super-mercados, edifícios
temos pátria, pinga, prisões
armas e ofícios
mas não temos pão.

tem pão velho?

não, criança
tem sua fome travestida de trapos
nas calçadas
que tragam seus pezinhos
de anjo faminto e frágil
pedindo pão velho pela vida
temos luzes sem alma pelas avenidas
temos índias suicidas
mas não temos pão.

tem pão velho?

não, criança
temos mísseis, satélites
computadores, radares
temos canhões, navios, usinas nucleares
mas não temos pão.

tem pão velho?

não, criança
tem o pão que o diabo amassou
tem sangue de índios nas ruas
e quando é noite
a lua geme aflita
por seus filhos mortos.

tem pão velho?

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Sentem-se que a mesa já está posta

Já Aristóteles o dizia, e aqui se volta a afirmar, que é irrelevante examinar todas as opiniões.

Crianças, doentes e loucos têm-nas, no entanto ninguém no seu perfeito juízo as discutiria com eles.


... na loja da opinão pública, a funcionária pergunta:

- Pois não, o que vai desejar?


Não é de argumentos que precisam, mas sim uns de idade para crescer, outros de correção médica ou política. Que o digam os políticos do nosso Para-lamento.

O vulgo tem sempre algo a dizer sobre qualquer assunto. Mas o problema não é ter opinião, mas pô-la à prova.


- Desejo ter muitas opiniões, mas não me peça para pensar, pois isso cansa. Desejo saber um pouco de tudo, mas não quero ter mais pre-ocupações.


Do bom selvagem de Rousseau ao pessimismo de Hobbes o problema da convenção mantém-se em cima da mesa pública onde os homens se deveriam encontrar. Não como conteúdo, como uma lei (nomos) ou convenção (thesis) em particular, mas como valor. Qual o seu valor para cidade, para o homem?

Em tempos de indigência, de horror à dúvida, onde investigar é apenas repetir a mesma pergunta; e responder é engalanar o discurso com verbos e nomes elegantemente associados, enfim, locuções rebuscadas: vale tudo, por que já nada vale.

Apenas uma ressalva: desde que esse nada não seja muito cansativo, nem traga muitas pre-ocupações.

Vociferando palavras de des-ordem, a turba se agita, como as ondas do mar em tempo de tempestade. No meio da multidão alguém com os pés assentes na terra diz: Para! O homem possesso, no meio da praça, engata a bala e dispara. “Diz pensa” qualquer moral ou extrapolação. Dois pontos, exclamação e uma vitima. O pobre homem ficou ali estendido no meio praça a esvair-se em sangue.

Sirvamos seu sangue aos homens, façamos como os Espartanos uma refeição pública, syssitia, para promover o sentido de pertença.

- Sentem-se que a mesa já está posta.


Assim habito
Horácio

quarta-feira, janeiro 24, 2007

... e assim vamos descomeçando por reabilitar a esquecida Fonte do Horácio que ficou algures perdida na estratosfera do ciberespaço por falta de com-parência.
Porquê descomeçar?
Para escutar as cores dos passarinhos.

Assim Habito
Horácio
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